Venezuela usa Brasil como fachada para exportar petróleo à China?
- Eng. Marcos Coelho
- há 16 minutos
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Investigação revela esquema bilionário de adulteração de origem do petróleo para burlar sanções dos EUA.

Uma investigação internacional revelou que comerciantes estão utilizando o Brasil como fachada para exportar petróleo venezuelano à China, em uma tentativa de burlar as sanções impostas pelos Estados Unidos ao regime de Nicolás Maduro.
Segundo apuração da agência Reuters, mais de US$ 1 bilhão em remessas de petróleo venezuelano foram reclassificadas como se fossem petróleo bruto brasileiro, em um movimento articulado por operadores internacionais para enganar autoridades e garantir a venda para refinarias chinesas — principais compradoras de petróleo de países sancionados como Venezuela e Irã.
Nova rota e fraude de localização
Até recentemente, as remessas de petróleo venezuelano eram disfarçadas por meio de escalas na Malásia, que servia como ponto de transbordo para ocultar a verdadeira origem do produto. No entanto, desde julho de 2024, os operadores passaram a rotular diretamente o petróleo como brasileiro, permitindo que os navios partissem diretamente da Venezuela para a China, reduzindo em até quatro dias o tempo de logística e eliminando escalas intermediárias.
Além da falsificação documental, embarcações adulteraram os sinais de localização geográfica (AIS), simulando que partiam de portos brasileiros, quando na verdade saíam de terminais venezuelanos.
Dados oficiais e cifras bilionárias
Entre julho de 2024 e março de 2025, dados da alfândega chinesa indicam a importação de aproximadamente 2,7 milhões de toneladas métricas — o equivalente a 67 mil barris por dia — de um produto identificado como "betume misto brasileiro". Essas compras somaram mais de US$ 1,2 bilhão, segundo os registros chineses.
O contexto das sanções
Desde 2019, os Estados Unidos impõem sanções econômicas severas à Venezuela, com o objetivo de cortar as fontes de financiamento do regime chavista. As exportações de petróleo, principal produto de arrecadação do país, foram diretamente afetadas, levando o regime a adotar práticas clandestinas e a usar intermediários para manter o comércio ativo.
Implicações para o Brasil
Embora o Brasil aparentemente não esteja diretamente envolvido na operação, o uso indevido do nome do país para mascarar a origem de petróleo sancionado pode trazer impactos diplomáticos e comerciais, além de levantar questionamentos sobre a vulnerabilidade dos mecanismos de rastreamento e fiscalização do comércio marítimo global.
Insummi Brasil seguirá acompanhando o caso e trará atualizações à medida que novas informações forem confirmadas.
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